terça-feira, 15 de abril de 2008

Uma Questão Baudrillardiana*

O que vem a ser real hoje em dia? O mundo moderno é cheio de dissimulações e simulações quanto à questão do real. Já não sabemos mais ao certo como definir o real. Já não sabemos ao certo distinguir o real do fantasioso até porque estamos mais que normatizando um universo de simulacros para nosso bem. Em uma rápida dada por meu amigo, Guto Rafael, que disse que simulacro pode ser um "real que não é real, mas não é mentira". Como posso definir tal conceito? É como se um simulacro fosse uma extensão de nós mesmos onde projetamos a nossa imagem desejada projetando emoções e desejos nossos; assim como gostaríamos de ser. No Ciberespaço (Mundo Virtual) os simulacros são constantes. Eles podem ser representados através de fakes onde o usuário tende a projetar uma imagem que deseja para si para os olhos de outros. Muitas vezes no Ciberespaço o usuário mesmo se representa, mas sua total forma de comportamento é outra do mundo real. O que este artigo visa explorar é o fato de muitos estarem usando de simulacros para melhor passar chegando a acreditar em tais formas que tomam como a verdadeira em suas personalidades levantando a questão do que vem a ser o real hoje em dia. Será que o real deste mundo moderno em que vivemos é o que na verdade é o mundo fantasioso? O real já está perdendo seu espaço para um mundo onde todos podem projetar suas emoções e sentimentos mais reprimidos?

Deixe-me pegar alguns exemplos. O jovem Vinícius Gageiro Marques. Um adolescente de 16 anos que lia Kafka, era fã da banda Radiohead e tinha seus projetos musicais. Um adolescente prodígio diferente de muitos entre seu meio. Porém, pegaremos outro adolescente da mesma idade e intelectualidade de Vinícius chamado Yoñlu que também lia Kafka, era fã da banda Radiohead e também tinha seus projetos musicais. Mas através de algumas discussões em chats da internet que abordavam a temática do suicídio, Yoñlu tirou a própria vida em Julho de 2006, pouco mais de um mês de completar 17 anos. Uma vida que poderia ter sido de uma grandeza ao aprofundar suas aptidões artísticas. Então qual a diferença de Yoñlu para Vinícius? A fantasia e o real. Ambos eram a mesma pessoa. A diferença é que um existia no mundo real enquanto o outro fazia parte de um simulacro; uma projeção de Vinícius para o Ciberespaço. A questão maior é quem matou quem? Sim, pois já que se tratava de duas personas que por mais que de personalidades congruentes ambos já não se encontravam no mesmo plano. Um era o Jack o outro Tyler Durden (Clube da Luta - 1999). Mas até quando levamos em conta o que é o real e o que é fantasia? Quando a fantasia se torna mais real que o próprio real? Será que o problema está aí? Depois da morte de Vinícius, Yoñlu ficou mais conhecido e teve recentemente seu único trabalho realizado lançando um ábum que leva seu nome e grandes críticas (será que Yoñlu se tornou aluém maior que Vinícius?).

Outro exemplo - desta vez um mais infanto-juvenil. Vamos supor que o Super-Homem seja real; faça parte de nossa realidade. Então o que conhecemos como Super-Homem é o real, mas na verdade para ele, Lois Lane e seus pais o Super-Homem não passa de uma extensão de Clark Kent, o pacato jornalista. Porém, Clark Kent já é uma extensão de Kal-El, o último filho de Crypton. Como assim? Um simulacro pode ser um simulacro de outro? O que se passa na cabeça de uma pessoa assim? Para este personagem o real é Clark Kent, pois ele já assimilou isso em sua personalidade. É nisso que ele acredita, mas na realidade o que ele acha que é real para si é na verdade uma personalidade dada e adquirida.


O que quero argumentar aqui não é fato de que a internet seja uma máquina lobotômica com o intuito de enlouquecer e fazer as pessoas se alto destruírem. Isso qualquer meio massivo pode fazer. O problema é como devemos nos manter perante a fortificação destes meios, pois já que todos os dias somos bombardeados por novas informações e experimentações tanto no mundo real como no cibernético. O que tenho a me expressar é o fato de não deixarmos o fantasioso tomar conta do nosso real. Não esperem um mundo cheio de maravilhas porque este mundo não existe. Tome conta de sua vida. Não deixe os sonhos tomarem conta dela.

*Este artigo foi baseado na obra de Jean Baudrillard - Simulacros & Simulação
- LEIAM!!!

Um comentário:

Déo Cardoso disse...
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