quarta-feira, 9 de abril de 2008

Vento Forte

por Guto Rafael

O vento forte
que apaga a vela,
sacode o pé
de siriguela.

O vento forte
que apaga a vela,
invade o quarto
pela janela.

E ela me olha...
como quem olha
o beijo da novela.

O vento forte
que apaga a vela,
sopra o fogo
que esquenta as  panela.

O vento forte
que apaga a vela,
balan
ça a rede
comigo e com ela.

E ela me olha...
como quem olha
a pintura da tela.

O vento forte
que dança com o saco,
no céu opaco.
E a cara dela debaixo
do meu sovaco.

O vento forte
que apaga a vela,
espanta as mosca
da nossas canela.

O vento forte
que apaga a vela,
faz do lençol
a nossa cela.

E ela me olha...
como quem olha
o santo na capela.

O vento forte
que apaga a vela,
espanta de nós
toda mazela.

O vento forte
que apaga a vela,
ainda arrupia
sua pele amarela.

E ela me olha...
como quem olha
para o olho dela.

O vento forte
que dança com o saco,
no céu opaco.
E a cara dela debaixo
do meu sovaco.

Nenhum comentário: