por Guto Rafael
Pois bem, o que era pra ser mais uma apresentação das seleções que estarão na próxima Copa, virou show. Os anfitriões, Fernanda Lima e Tadeu Schmidt, não cansaram de enfatizar o quanto o Brasil é um país étnico e multicultural. Mais parecia um discurso decorado, porém cheio de verdade.
O Brasil é uma miscelânea racial. No mesmo sangue correm ascendências indígenas, africanas, europeias... o que nos torna um povo único, feliz, forte e que, mesmo já sendo um clichê, não desiste nunca.
Não vou negar que somos patriotas principalmente quando o assunto é a seleção canarinho, que ainda temos esperança nela (não no técnico, só nela), e que uma Copa do Mundo aqui é a glória para um povo que gosta de comemorar muito.
Gosta tanto que o evento de ontem virou festa. Entre os discursos do Presidente da FIFA, Joseph Blatter, e da Presidenta da República, Dilma Roussef, e um sorteio e outro, algumas atrações musicais ganharam o palco representando a brasilidade da nossa música. (Será?)
Ivete Sangalo, Ana Carolina, Ivan Lins e uma homenagem forçadíííssima à Tom Jombim, com o seu filho, Daniel Jobim, relembrando uma época em que se fazia Bossa Nova só pra gringo aplaudir.
Essas são as referências musicais de nossa cultura? Então onde se encaixa o maracatu de baque solto e de baque virado pernambucano? E a toada que resgata o folclore da Amazônia? Ou o samba de raiz das velhas guardas carioca?
Desde quando nossa cultura virou produto feito só pra entreter?
Estão rotulando nossa identidade em qualquer porcaria e o povo aceita porque, pelas leis da ignorância popular, "o que aparece é bom, o que é bom aparece" (A Sociedade do Espetáculo; Guy Debord).
Aparecer na televisão fazendo todo mundo sacudir e abalar não é sinônimo de cultura popular brasileira.
E enquanto tantos se transformam em tapados sociais rendidos ao imperialismo e aos estrangeirismos da Indústria Cultural, não é só o nosso samba que estão deixando morrer. É também o maracatu, a toada, o forró pé-de-serra, o movimento cabaçal...
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